Por Lairton Leonardi

Em nossa última conversa afirmei que a solução para o crescimento de nosso país passa pela melhoria do nível educacional brasileiro.

Continuo com este credo, consciente que esta é uma solução consistente que possibilitará a nossos cidadãos escolher nossos governantes com mais assertividade e a nossas empresas contar com colaboradores cada vez mais bem qualificados.

No entanto está é uma solução de longo prazo.

E no curto prazo o que devemos fazer? O que podemos esperar no que resta de 2014 e para 2015?

O ano de 2014 é um ano a ser esquecido. Um crescimento pífio, uma inflação crescente, uma política econômica desencontrada que fazem com que nossas empresas devam trabalhar com muito mais afinco, com foco exclusivo no controle de custos para que, tudo dando certo, repetirmos o resultado de 2013.

Em 2015 esperamos contar com novos governantes que possam realmente trabalhar em prol do crescimento do país.

Mas não podemos nos enganar. O custo a ser pago pela total falta de planejamento dos últimos 12 anos não será baixo. De fato, o preço das tarifas públicas, energia, combustíveis tem uma tendência de alta o que pressionará ainda mais os custos de produção.

Não podemos simplesmente esperar que a nova política econômica traga de volta os necessários investimentos em infraestrutura que alavancarão o crescimento do país. Temos que ser proativos.

Se nada fizermos, teremos mais um ano com sérias dificuldades e nossos orçamentos, a serem preparados já neste último trimestre, refletirão tal situação.

Uma das possíveis soluções para sairmos deste impasse de crescimento é a adoção de processos de Inovação. Temos que ter em mente que precisamos crescer e, para tanto, temos que inovar em nossos processos, pois se continuarmos a fazer o que estamos fazendo nos últimos anos não sairemos do lugar onde nos encontramos.

Ou seja, Inovação não é somente um mecanismo para o desenvolvimento de novos produtos, mas um processo que pode e deve ser usado sempre que necessitamos implantar melhorias que nos conduzam a um crescimento, pois tudo está mudando constantemente e cada vez com mais rapidez. A concorrência global está mais intensa e o ambiente está mudando mais rapidamente, motivado principalmente pelo avanço tecnológico e fluxos de capital.

Em resumo, nossas empresas continuarão a ser atrativas para seus acionistas somente se formos capazes de acompanhar os processos constantes de mudança que ora se instalam em nível mundial.

Este é um grande desafio, pois temos que continuar eficientes e ao mesmo tempo pensar na mudança daquilo que funciona hoje para continuar funcionando, de forma ainda mais eficiente, num ambiente em constante mudança. Temos, então, que instituir em nossas empresas grupos que trabalhem com Inovação enquanto outros profissionais cuidarão dos procedimentos e processos já instituídos e que apresentem bons resultados.

Assim, conseguiremos melhorar sempre os resultados com foco em práticas de alta eficiência.

Um processo de Inovação tem vários atores que são responsáveis por várias funções, como nos propõem Fernando de Bes e Philip Kotler em seu Winning at Innovation. A proposta é que a empresa que quiser inovar, deve definir essas funções e atribuí-las a indivíduos específicos e, então, tendo estabelecido objetivos, recursos e prazos finais, deixá-los interagir livremente para criar os próprios processos.

Então, por que não propomos um modelo expandido envolvendo o Poder Executivo (Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio) como Ativador com o papel de iniciar o processo de inovação, sem se preocupar com estágios ou fases. Basicamente, a missão dos Ativadores é iniciar o processo.

Também o BNDES como Facilitador, cuja função é a instrumentação e patrocínio necessário à medida que o processo de inovação avança.

As Associações Setoriais e Federações Industriais seriam os Criadores que deveriam produzir ideias para o restante do grupo. Sua função é conceber novos conceitos e possibilidades e procurar novas soluções em qualquer ponto do processo. Por exemplo, o que fazer para melhorar a competitividade do país.

Em seguida, as empresas assumiriam seu papel de Desenvolvedores das ideias e Executores das ações.

De fato, esta ideia não é nova. O Plano Brasil Maior previa tais ações, mas de forma pouco estruturada. Consequentemente os resultados foram pouco satisfatórios.

Não digo que este trabalho é simples. De fato, uma situação complexa, como a que vivemos, deve ter um tratamento sistêmico e a Inovação é um processo que busca unir especialistas para que juntos possam trazer soluções que sejam duradouras. Mais uma vez, as Associações devem assumir seu papel e inciar o processo propondo um trabalho com todos os atores envolvidos.